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Varíola dos macacos: veja o que se sabe sobre a vacinação

Imunizante já está sendo aplicado nos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e países da União Europeia; recomendação da OMS não inclui vacinar todos os públicos

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou a varíola dos macacos (monkeypox) uma emergência de saúde global no sábado (23).

A doença, causada pelo vírus monkeypox, pertence à mesma família (poxvírus) e gênero (ortopoxvírus) da varíola humana. A varíola humana, no entanto, foi erradicada do mundo em 1980.

Veja, abaixo, o que se sabe sobre a vacinação contra a varíola dos macacos (monkeypox):

  1. Existe vacina contra a varíola dos macacos?
  2. O que ainda não se sabe sobre as vacinas?
  3. A vacina está disponível no Brasil?
  4. Quem deve ser vacinado?
  5. Em que países a vacina já está sendo aplicada?
  6. O que é a varíola dos macacos?
  7. Onde estão os casos identificados no Brasil?

1) Existe vacina contra a varíola dos macacos?

A doença ainda não tem uma vacina específica, mas duas vacinas contra a varíola humana estão sendo usadas contra a varíola dos macacos:

Imvanex/Imvamune/Jynneos

  • Desenvolvida pelo laboratório dinamarquês Bavarian Nordic, é feita de um vírus vivo, mas que não se replica (multiplica). É uma vacina de terceira geração.
  • A vacina foi aprovada na semana passada contra a doença na União Europeia, onde já era autorizada contra a varíola humana. Também já tinha aprovação nos Estados Unidos – onde é conhecida como Jynneos – e no Canadá, onde é chamada de Imvamune. Também pode ser referida como MVA-BN.
  • Geralmente, é aplicada em duas doses antes da exposição ao vírus, com quatro semanas de diferença entre as doses.
  • No Reino Unido e nos Estados Unidos, também pode ser dada dentro de 4 dias após o contato com alguém infectado, em dose única. A vacina também pode ser aplicada de 5 a 14 dias após o contato, mas, nesses casos, pode apenas ajudar a reduzir os sintomas, e não a evitar a doença, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.
  • Diferente da vacina “ACAM2000” (veja logo abaixo), não há lesão no local da vacina e nem risco de o vírus se espalhar para outras partes do corpo ou outras pessoas.
  • Quem recebe a vacina só é considerado imunizado duas semanas após a segunda dose. Dados reunidos de estudos em animais na África sugerem que a vacina tem pelo menos 85% de efetividade para proteger contra a varíola dos macacos, segundo o CDC.
  • Reações adversas incluem reações no local da injeção, como dor, inchaço e vermelhidão. Pessoas com alergia grave a qualquer componente da vacina (gentamicina, ciprofloxacina, proteína do ovo) não devem receber esta vacina.
  • Nos Estados Unidos, só é aprovada para maiores de 18 anos.

 

ACAM2000

  • Fabricada pelo laboratório Sanofi contra a varíola humana, também é aprovada nos Estados Unidos para a varíola dos macacos. É considerada uma vacina de segunda geração.
  • É uma vacina feita com o vírus “Vaccinia” vivo, que tem capacidade de se replicar. Após a aplicação, uma lesão se desenvolve no local, como na vacina BCG, contra a tuberculose.
  • É dada em dose única; o indivíduo que recebe a vacina é considerado imunizado dentro de 28 dias.
  • Não pode ser aplicada em pessoas com alguns problemas de saúde, incluindo: problemas no sistema imunológico congênitos ou adquiridos, pessoas vivendo com HIV (independentemente do estado imunológico), problemas de pele como dermatite atópica ou eczema nem em mulheres grávidas.
  • Também não deve ser dada a quem tem alergia aos componentes da vacina, doenças cardíacas, doenças nos olhos tratadas com esteroides tópicos ou a crianças com menos de 12 meses.
  • Reações adversas incluem dor no local da injeção, inchaço e vermelhidão, febre, irritação na pele, inchaço dos linfonodos (gânglios); e complicações da aplicação inadvertida.

 

2) O que ainda não se sabe sobre as vacinas?

 

Ainda não existem dados sobre a eficácia da Jynneos (Imvanex/Imvamune) no surto atual de varíola dos macacos. Segundo o CDC, autoridades de saúde pública dos EUA têm preocupações sobre essa falta de dados, principalmente porque a vacina requer duas doses dadas com 28 dias de espaçamento.

Também não há dados, por enquanto, da eficácia da ACAM2000 contra o surto atual de varíola dos macacos.

3) Há vacina disponível no Brasil?

 

Ainda não. O Ministério da Saúde afirmou, em nota, que “articula com a Organização Mundial da Saúde (OMS) as tratativas para aquisição da vacina monkeypox”. A pasta também disse que a OMS “coordena junto ao fabricante, de forma global, ampliar o acesso ao imunizante nos países com casos confirmados da doença”.

4) Quem deve ser vacinado?

 

Turista de Nova York é vacinado contra a monkeypox em uma clínica ao ar livre em Montreal, no Canadá, no sábado (23). — Foto: Graham Hughes/The Canadian Press via AP

Turista de Nova York é vacinado contra a monkeypox em uma clínica ao ar livre em Montreal, no Canadá, no sábado (23). — Foto: Graham Hughes/The Canadian Press via AP

Em recomendações temporárias divulgadas no sábado (23), a Organização Mundial de Saúde (OMS) orienta que, em países onde há transmissão comunitária da monkeypox (caso do Brasil), as ações para interromper a transmissão devem incluir a vacinação direcionada de pessoas com alto risco de exposição à doença.

Esses grupos incluem: homens gays, bissexuais e outros homens que fazem sexo com homens (HSH) e profissionais de saúde lidando com casos suspeitos ou confirmados, além de pessoas que fazem sexo com múltiplos parceiros.

A OMS diz que os riscos e benefícios da vacinação direcionada também devem ser avaliados para grupos vulneráveis, como pessoas imunossuprimidas, crianças e mulheres grávidas.

Além da vacinação, as ações de combate ao vírus também incluem: comunicação de risco direcionada e envolvimento da comunidade, detecção e isolamento de casos, tratamento de suporte e rastreamento de contatos.

5) Em que países a vacina já está sendo aplicada?

 

Profissional prepara dose da vacina contra a varíola dos macacos (monkeypox) em Rijswijk, na Holanda, nesta segunda-feira (25). — Foto: Phil Nijhuis / ANP / AFP

Profissional prepara dose da vacina contra a varíola dos macacos (monkeypox) em Rijswijk, na Holanda, nesta segunda-feira (25). — Foto: Phil Nijhuis / ANP / AFP

Alguns países já estão vacinando parte de suas populações contra a monkeypox:

  • Canadá: Autorizou a aplicação da Imvamune em adultos com 18 anos ou mais que tenham alto risco de exposição.
  • Estados Unidos: Está aplicando a Jynneos em contatos de pessoas infectadas e contatos presumidos – pessoas que sabem que algum parceiro sexual dos últimos 14 dias foi diagnosticado com a varíola dos macacos ou que tiveram vários parceiros sexuais nos últimos 14 dias em locais com casos conhecidos.
  • União Europeia: As primeiras 5,3 mil doses da Imvanex (como a Jynneos/Imvamune é conhecida na Europa) chegaram ao bloco no fim de junho, na Espanha, onde a imunização já começou. Países como Alemanha, Holanda e Portugal também já iniciaram a vacinação.
  • Reino Unido: O país está usando a Imvanex para imunizar homens gays, bissexuais e que fazem sexo com homens – desde que tenham múltiplos parceiros sexuais, participem de sexo grupal ou frequentem locais destinados a sexo público (como casas de swing). Funcionários desses locais também podem ser imunizados.

A vacina já era oferecida a profissionais de saúde tratando pacientes com a doença e pessoas de grupos de risco que tiveram contato com infectados.

Na semana passada, o país comprou mais 100 mil doses do imunizante, que devem começar a chegar já neste mês. Por causa do baixo estoque, apenas uma dose está sendo oferecida por enquanto.

6) O que é a varíola dos macacos?

A varíola dos macacos tem sintomas parecidos com os da varíola humana e pode infectar qualquer pessoa que tenha contato físico próximo com alguém infectado ou com roupas ou lençóis da pessoa, independentemente da orientação sexual.

  • Varíola dos macacos: EUA registram dois casos em crianças

A doença costuma causar os seguintes sintomas iniciais:

  • febre
  • dor de cabeça
  • dores musculares
  • dor nas costas
  • gânglios (linfonodos) inchados
  • calafrios
  • exaustão

 

Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.

As lesões passam por cinco estágios antes de cair, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas.

  • Veja como se proteger da doença

 

7) Onde estão os casos identificados no Brasil?

O Ministério da Saúde informou, nesta segunda-feira (25), que o Brasil tem 696 casos de monkeypox confirmados. Desses, 506 estão em São Paulo, 102 no Rio de Janeiro e 33 em Minas Gerais.

Outros 14 estão em Goiás, 13 no Distrito Federal e 11 no Paraná. A Bahia, o Rio Grande do Sul e Pernambuco têm 3 casos cada. O Ceará, o Rio Grande do Norte e o Espírito Santo têm 2 casos cada. Mato Grosso do Sul e Santa Catarina têm um caso confirmado cada.

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