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Apoio à luta indígena: a importância do ATL na defesa dos povos do Brasil – FAS

Reivindicar das autoridades públicas o cumprimento das garantias constitucionais e fortalecer a luta por justiça socioambiental e pela vida. Essa é a essência do Acampamento Terra Livre (ATL), a maior mobilização indígena do país, que segue até esta sexta-feira, 11 de abril, em Brasília (DF). Coordenada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a 21ª edição tem como tema “Apib somos todos nós: Em defesa da constituição e da vida”, celebrando os 20 anos de atuação da entidade.

A manifestação reúne milhares de lideranças e organizações indígenas de todo o Brasil – e até de outros países –, unidas na resistência contra diversas ameaças socioambientais, como a Tese do Marco Temporal (prevista na Lei 14.701/2023) e a exploração de combustíveis fósseis na Foz do Amazonas.

Além disso, o movimento busca reforçar a luta por direitos constitucionais e humanitários, como a urgência na demarcação de terras e a promoção de uma transição energética justa.

Uma das organizações que apoia o ATL é a Fundação Amazônia Sustentável (FAS), por meio do Programa do Protagonismo Indígena (PPI). Há mais de 17 anos, a instituição desenvolve projetos voltados ao desenvolvimento sustentável e à valorização de povos e comunidades tradicionais da região.

Rosa dos Anjos, gerente do PPI e indígena do povo Mura, ressalta que o ATL vai além da presença física: é preciso compreender e vivenciar seus verdadeiros propósitos.

“O objetivo principal não é só ter uma manifestação onde todos os povos estejam. O nosso verdadeiro sentido de fazer essa mobilização é a luta pelo direito e pela vida”, reforça. “Que não sejamos só ouvidos, mas que seja levado em consideração nosso modo de vida, nosso modo de pensar e a nossa luta. Cada dia nossos direitos estão sendo violados, nossos parentes que defendem os seus territórios estão sendo mortos. Para nós, cada parente que se vai é como um pedaço do mundo que se acaba”, declarou Rosa.

A Amazônia continua enfrentando desafios ambientais significativos. Apesar da redução de 64,26% no desmatamento em fevereiro, a região ainda perdeu 80,95 km² de vegetação, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Nos anos de 2023 e 2024, foram registrados 321,97 km² e 226,51 km² de área desmatada, respectivamente.

Toda essa destruição abre caminho para outros impactos negativos, como queimadas, garimpo ilegal, invasões e conflitos por terras.

Outro ponto central do ATL é a construção de pautas para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorrerá em novembro, na cidade de Belém (PA). Rosa enxerga a participação como uma oportunidade estratégica de articulação com outros atores.

“Daqui vão sair os principais encaminhamentos de como nós queremos ser ouvidos, como queremos estar inseridos e dizer que como a gente não quer nem mais uma gota de sangue derramada. Nós queremos estar na COP, falando por nós, dizendo como nós queremos ser tratados. Nós já estamos falando isso há muito tempo [sobre mudanças climáticas], mas não fomos ouvidos. Hoje nós queremos fazer, pois sabemos que a resposta somos nós”, finalizou a coordenadora da FAS.

O superintendente-geral da FAS, Virgilio Viana, reforça o espaço crescente que os povos indígenas têm conquistado e como é fundamental sua participação e contribuição não só no Brasil, mas em todo o mundo. Ele espera que essas vozes sejam ouvidas durante a COP 30 e que as soluções – tanto baseadas na natureza quanto nas pessoas – sejam valorizadas, já que as ações propostas pelos povos indígenas representam uma esperança concreta de futuro melhor.

“Eu vejo, do ponto de vista macro, um avanço enorme de legitimidade para os povos indígenas, do reconhecimento dos direitos e, ao mesmo tempo, dos benefícios que os povos indígenas geram para todos nós, brasileiros e moradores do planeta, porque as florestas que estão em Terras Indígenas, na média, são as que estão em melhor estado de conservação da biodiversidade e, portanto, dos serviços ecossistêmicos que são produzidos por estas florestas. Então, é muito valioso para o Brasil o papel dos povos indígenas”, afirma.

 

Sobre a FAS

A Fundação Amazônia Sustentável (FAS) é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia. Sua missão é contribuir para a conservação do bioma, para a melhoria da qualidade de vida das populações da Amazônia e valorização da floresta em pé e de sua biodiversidade. Com 17 anos de atuação, a instituição tem números de destaque, como o aumento de 202% na renda média de milhares famílias beneficiadas e a queda de 39% no desmatamento em áreas atendidas.

 

Créditos de imagem: Divulgação/FAS


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