O superintendente em exercício, Gustavo Igrejas, recebeu a comitiva namibiana composta por Clive Smith, Immanuel Tino Hanabeb e Ricardo Latkani, que convidou oficialmente a autarquia para organizar uma missão empresarial à Namíbia nos próximos meses e participar de um evento de discussão sobre negócios internacionais, que ocorrerá na capital Windhoek, em outubro.
A comitiva africana também está em Manaus para se reunir com operadores logísticos da cidade e indústrias. “Queremos assinar um instrumento de cooperação técnica com a SUFRAMA o mais rápido possível. O governo da Namíbia está empolgado com o potencial benéfico e mutuamente vantajoso desse acordo. Está sendo ampliada uma área de 40 hectares no porto de Walvis Bay e a ideia é que ela seja um facilitador para que o PIM exporte produtos ao sul da África”, ressaltou Ricardo Latkani, que também é vice-presidente da Câmara de Comércio Afro-Brasileira (Afrochamber) e representante de Desenvolvimento de Negócios no Brasil da Walvis Bay Corridor Group (WBCG).
A trajetória de desenvolvimento da ZFM e a qualidade dos produtos fabricados chamou a atenção da Namíbia e despertou o interesse para a viabilização de uma parceria. “Os produtos fabricados em Manaus conseguem resistir às dificuldades de transporte de distâncias continentais, os diferentes climas das regiões do País e agradar o exigente mercado consumidor brasileiro. É uma prova de que vai superar as dificuldades da África e vai conquistar o mercado consumidor africano”, analisa Latkani.
A ideia do país africano é que produtos fabricados no Polo Industrial de Manaus (PIM) sejam enviados como kits para serem montados em fábricas na Namíbia. A partir de uma área reservada à ZFM a ser instalada no porto de Walvis Bay, os produtos finais seriam comercializados e distribuídos entre os países que fazem parte da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC, da sigla em inglês, “Southern Africa Development Community”), um mercado consumidor formado por mais de 500 milhões de pessoas e com alto poder aquisitivo. Além disso, também estariam previstas ações de treinamento de mão de obra local e assistência técnica. “É um acordo que vai criar emprego, renda, treinamento, capacitação, desenvolvimento, variedade de produtos para os dois lados”, detalhou Latkani.
Durante a reunião, além de questões diplomáticas como o acordo de comércio preferencial entre o Mercosul e a União Aduaneira da África Austral (Sacu), uma das ideias discutidas para uma melhor efetivação dos negócios entre ZFM e Namíbia foi a de selecionar um produto-piloto para, a partir daí, verificar acertos e erros, aprimorar o processo e ampliar a cooperação bilateral. “A ZFM já fez isso com a Argentina. No caso, um kit de uma motocicleta fabricado aqui, era enviado para montagem e finalização lá. A vantagem de escolher um produto do setor de Duas Rodas é que o segmento desenvolveu e adensou toda uma cadeia de componentes e cerca de 95% da fabricação é toda feita em Manaus. A iniciativa pode ser uma semente para que o PIM possa caminhar na direção de ser um exportador de tecnologia”, explicou Gustavo Igrejas.