A população do município de Eirunepé (AM), distante de 1.159 quilômetros de Manaus, compareceu em peso na ruas da cidade para manifestar sua indignação com a decisão da justiça em transferir o preso Antônio Sirlande Coelho da Silva, padrasto e assassino da menor Mirella Eloiza da Costa Lima, de 13 anos, com golpes de faca.
Na decisão, o magistrado Jean Carlos Pimentel do Santos, respondendo pela Vara Única da Comarca de Eirunepé, autorizou na segunda-feira (22/11) a transferência de Antônio Sirlande Coelho da Silva para o Hospital de Custódia da capital. Antônio foi preso em flagrante no último dia 17 de novembro, suspeito de estupro de vulnerável e feminicídio, tendo como vítima a menor de 13 anos.
A prisão em flagrante foi homologada e convertida em prisão preventiva e, posteriormente, o Delegado de Polícia Civil formulou pedido para que fosse autorizada a transferência do investigado para o hospital de custódia de Manaus/AM, tendo em vista que é iminente a sua alta hospitalar e a delegacia não possui estrutura para promover seu atendimento ambulatorial. O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM) se manifestou favorável à transferência.
“Ressalto que os crimes em apreço foram cometidos com extrema gravidade e crueldade, causando acentuado sentimento de revolta na população local. A repercussão midiática também foi enorme, tendo o caso sido veiculado em vários canais de comunicação. Ademais, é notório que a Delegacia local não tem estrutura para a manter o preso, além das questões de saúde do mesmo, é necessário prezar pela sua segurança, dos demais que estão segregados e dos servidores do órgão, afinal o detento despertou pujante revolta e indignação na população”, escreveu o magistrado em sua decisão, ao autorizar a transferência do preso.
O crime
De acordo com testemunhas que prestaram depoimento na Delegacia de Polícia de Eirunepé, por volta das 10h30 da manhã da última quarta-feira (17/11), a menina foi vista sendo arrastada pelos cabelos por Antônio e gritando por ajuda. O suspeito ultrapassou uma mureta em um terreno e, no local, teria desferido golpes de faca na menina, que foi encontrada logo depois sem vida. As testemunhas acionaram uma viatura da polícia que passava pelas proximidades.
Ao encontrar o corpo da adolescente, os policiais acionaram o hospital da cidade, que enviou uma ambulância para removê-lo. Ainda conforme os autos, médicos detectaram que além dos 20 ferimentos a faca, a menina também apresentava sinais de abuso sexual. Antônio Sirlande foi encontrado caído na calçada da residência dele com ferimentos a faca pelo corpo. Ele foi levado primeiro ao hospital da cidade para ser medicado.
Segundo comentários de moradores de Eirunepé nas redes sociais, supostamente, a vítima já havia denunciado as investidas criminosas do padrasto contra ela para a própria mãe, mas a mesma não teria acreditado. Mirella então teria levado as denúncias até a professora e a direção da escola que estudava. Logo, a gestão da escola junto com pedagoga e professores teriam levado o relato ao conhecimento da mãe e a informaram que iriam acionar o Conselho Tutelar para apurar o caso. Na ocasião, a mãe teria negado as denúncias alegando que tanto ela quanto o padrasto saiam para trabalhar e por isso nada acontecia e que o relato de Mirella se tratava de “coisa de criança”. A mãe também teria intimidado a equipe da escola, sugerindo que se caso o pai da menina fizesse algo contra padrasto a direção da escola seria responsabilizada. Uma médica também teria tomado conhecimento pela própria criança, que também conversou com a mãe, que por sua vez, xingou a médica de louca.
Segundo informações de testemunhas que prestaram depoimento na Delegacia de Polícia de Eirunepé, momentos antes da ação criminosa, Antônio teria arrastado Mirella pelos cabelos, a menina teria reagido com gritos: “Pai, pai, me ajuda!”.
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